Eu gosto de quem facilita as coisas. De quem aponta caminhos ao invés de propor emboscadas. Eu sou feliz ao lado de pessoas que vivem sem códigos, que estão disponíveis sem exigir que você decifre nada. O que me faz feliz é leve e, mesmo que o tempo leve, continua dentro de mim. Eu quero andar de mãos dadas com quem sabe que entrelaçar os dedos é mais do que um simples ato que mantém mãos unidas. É uma forma de trocar energia, de dizer: você não se enganou, eu estou aqui. Porque por mais que os obstáculos nos desafiem o que realmente permanece, costuma vir de quem não tem medo de ficar.
(Fernanda Gaona)
À Deusa Nina
Na imposição do lápis, hesito: Escrevo um poema ou pinto os olhos? Frente à maçã: Dou a mordida ou uso o blush? Esse tom bourbon vem da palavra ou do batom? Visto meu tomara-que-caia ou rezo: Tomara-que-fiques. Uso renda e saio toda prosa ou espero que renda a prosa? Expiro, inspiro: Um romance? Dá pra viver os dois ou dou pros dois? Não sei se ando movida pela vaidade ou pelo desejo. Reminiscências ou feminiscências?Poeta ou fêmea onde a carne freme?Arre, estou em falta com os sêmens-deuses.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Pense em tudo que já foi feito e acredite em seu roteiro. Se teve dias de sol e noites nubladas, não importa. A vida não pode ser rebobinada como uma fita e cada personagem e cena teve o seu lugar na história. Não descarte as emoções sentidas nem menospreze as atitudes escolhidas. Apenas assista novamente de fora, cada pedaço, cada momento. Não pause sua vida porque em algum capítulo o roteiro não te agradou, há ainda muitas cenas por vir. Se no seu presente existem lembranças do passado, saiba que foi o seu passado que construiu seu presente. Não se ausente!
(Fernanda Gaona)
(Fernanda Gaona)
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Estou rindo. Que senso de humor mais perverso tem o destino. Gosto de pensar que ele poderia ter nos unido, mas nem sempre acredito. Morremos. Ainda há pouco. Tentei juntar lembranças que me fugiam. Exceto por esse vulto escuro me repetindo às minhas costas, não me sobrou nada. Nem de como era seu rosto, nem da sua voz, nem do teu do cheiro, nem do teu olhar, nem do teu sorriso eu me lembro. Todos desapareceram. Eu os perdi no instante em que descobri que não voltarias mais para esta escrivanhia, onde sempre toquei-te com todos os meus dedos. Encontramo-mo-nos ainda hoje, antes do canto do bem-te-vi. Da varanda de teus olhos frios, contemplamos pela última vez, essa vista. Olhamos o céu e não vimos nada além dessas torres de fumaça a sussurar-nos que tudo termina. Combinamos que não haveria despedidas. Só essa concordância muda de quem não desiste, apenas aceita. Em nós, a solidão não foi uma opção, mas uma espera mascarada que foi crescendo entre às sombras, onde as consequências pouco importavam. Tenho pensado nisso já faz algum tempo. Inventar desculpas para todos os erros é uma forma de legitimar nossas dívidas, por mais questionáveis que sejam. Quero que continue por esse caminho. Ver você com outra pessoa foi. Foi apenas uma alucinação pensar que estávamos no mesmo nível. Nada nos faz mais infelizes do que o medo. A certeza que nos impediu de arrancar palavras de um papel, só por temer o atraso das entregas. Gosto de imaginar que poderia ser o mesmo com o qual escrevi centenas de páginas contemplando a cidade se afasatar como uma miragem que desaparece rápido demais. Doía-me o contato. Desde que se foi, minha única esperança era chegar ao cume da montanha e deixar-me cair do topo que a transborda. Ainda que só me restasse a vertigem da queda. E nem isso eu pude. Exceto pela solidão, essa rainha das putas, não havia ninguém à minha espera. A rodear-me, só estas estantes repletas de almas tão perdidas quanto a minha, do chão até o teto. Estive com você todos os dias. E esperei que trouxesse qualquer coisa de ti, ainda que fosse uma mentira. Seu sorriso, foi só o que amparou a minha queda. Essas páginas foram tudo o que nos manteve vivos. E a promessa que me fizeste uma dia foi só o que me impediu de destruí-las. Ainda se lembra? "De você eu não afastaria nem por brincadeira" É claro que sim. Memória fraca nunca foi uma de suas características. Depois fugiu outra vez e você sabe: sempre faz isso quando se sente ameaçado. Não o culpo. Sempre senti, a vida inteira, que tinha que escrever enquanto todos dormiam ou faziam filhos. Entre todas esses surtos de imaginação que tive, a única que não me impediu de arder por dentro foi a sua. Ofereci a você o melhor de mim, embora nunca tenha se lembrado de me agradecer por isso. Meu mundo é de papel e tinta Monstro, mas não é por isso que ele dói menos. Arrisco dizer que dói mais. Tem noites que as palavras se enrroscam em mim como arames farpados. Aquele mesmo que me embaraçava na infância. Elas me obrigam a viver do passado e velar por sonhos que morreram há dez ou vinte anos atrás. Tem dias que penso estar desgraçada por ter contraído a doença das palavras. Se por mim passa um cortejo, já começo a pensar nos que me faltam. Às vezes deito no chão à espera de que o frio que vem dele passe para todos os ossos do meu corpo, e me congele logo. Penso se eu não eu não acordaria como o cachorro que esqueceram no porão outro dia. Nem tenho coragem de te contar. Não acreditaria. Mas hoje você me apareceu Monstro. Em sonhos. E atirou no mar a rosa vermelha que ia me dar. Lembro que quando ela caiu eu gritei seu nome até perder a voz, talvez por medo de que fosse só um sonho que surgiu do alento e ali permaneceu. Penso. Do que vale se calar se o silêncio é vencido pela força do olhar? A madrugada é uma hora mágica. É a hora em que tudo acaba. Monstro, não fala nada, só me abraça. Vestindo cem tonalidades de cinza, talvez fosse o céu desse dia que se aproxima apenas uma estátua uniformizada que repousa serena sob um lençol de fumaça. Eu juro que estou me esforçando. Às vezes finjo que estou bem e acabo ficando. Mas quando a vista embaça, não fica nada além dessa expressão devastada. Esquece tudo Monstro. Deixa estas lágrimas morderem-nos, que a incerteza iluminará nosso caminho. Vista-nos deste silêncio até que não reste mais nada para ser dito. Tivemos a morte que sonhamos. E mais uma vez, traí-mo-nos. Só não limpe o musgo sobre a lápide. Deixe que ele cresça até encobrir-nos. Porque toda vez que você faz isso, eu te revivo. Nunca pensei que pudesse amar tanto alguém que eu sequer conhecia. À essa altura ele era apenas a sombra do homem de quem eu me lembrava. E em tantas outras vezes me perdia. Ainda que tenha ficado para trás, essa foi a melhor parte da minha vida. Todos tem uma história. Essa é a minha. Apertei o livro contra o peito e o abracei escondendo minhas próprias lágrimas. Era hora de virar a página.
Pipa.
Pipa.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
"Foi nesse momento que comecei a me dar conta de quanto fora ignorante – não apenas no planejamento da minha fuga, mas em tudo. Eu nunca entendera como as coisas estão estreitamente ligadas entre si. (...) Nós humanos somos apenas parte de algo muito maior. Quando caminhamos podemos esmagar um besouro, ou simplesmente causar alguma agitação no ar, de modo que uma mosca pouse onde de outra forma não iria parar. E se pensarmos no mesmo exemplo, mas conosco no lugar do inseto, e com o universo no papel que nós tínhamos desempenhado, fica perfeitamente claro que todos os dias somos afetados por forças que não controlamos, assim como o pobre besouro não controla nosso gigantesco pé descendo sobre ele. O que devemos fazer? Temos de usar todos os métodos possíveis para entender o movimento do universo ao nosso redor e marcar nossas ações de modo a não lutarmos contra as correntes, mas movendo-nos com ela."
(Arthur Golden em: Memórias de uma Gueixa).
(Arthur Golden em: Memórias de uma Gueixa).
sábado, 29 de janeiro de 2011
LIBRA - 29/01/2011
De repente, você tem dúvidas. E muito sérias, sobre tudo que vem fazendo com sua vida. Saturno o tornou mais seletivo, menos espontâneo, com menos liberdade de movimento. Então, aproveite até junho pra fazer todas as perguntas cabíveis.
Identificação
(...)
Identificação
(...)
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