Na imposição do lápis, hesito: Escrevo um poema ou pinto os olhos? Frente à maçã: Dou a mordida ou uso o blush? Esse tom bourbon vem da palavra ou do batom? Visto meu tomara-que-caia ou rezo: Tomara-que-fiques. Uso renda e saio toda prosa ou espero que renda a prosa? Expiro, inspiro: Um romance? Dá pra viver os dois ou dou pros dois? Não sei se ando movida pela vaidade ou pelo desejo. Reminiscências ou feminiscências?Poeta ou fêmea onde a carne freme?Arre, estou em falta com os sêmens-deuses.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Foi muito de repente, mais do que poetizou Vinícius.
Na estrada quase morta de todo dia tive saudade dos sonhos.
Dos sonhos óbvios. Dos sonhos possíveis.
Lembrei que julguei ter laços resistentes aos lenços.
Lembrei que já tive força para mudar o mundo. E não mudei.
Lembrei de tantas vezes que falei quando deveria calar.
E de outras que julgando ser prudente emudeci com a presunção de um sábio.
Lembrei de todas as desculpas que inventei pra não ligar, pra não escrever. E de tantas outras que criei pra não dizer que amava, que amei. Lembrei de tantos perdões que neguei.
Lembrei das razões que criei pra não ir e das outras que acreditei pra ficar.
Lembrei do tempo em que o tempo não passava.
E foi lembrando que vi chegar o fim de mais um dia com apenas um punhado de sonhos adormecidos. Tudo ficou crônico demais.
(Adriel Gennaro)
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