Na imposição do lápis, hesito: Escrevo um poema ou pinto os olhos? Frente à maçã: Dou a mordida ou uso o blush? Esse tom bourbon vem da palavra ou do batom? Visto meu tomara-que-caia ou rezo: Tomara-que-fiques. Uso renda e saio toda prosa ou espero que renda a prosa? Expiro, inspiro: Um romance? Dá pra viver os dois ou dou pros dois? Não sei se ando movida pela vaidade ou pelo desejo. Reminiscências ou feminiscências?Poeta ou fêmea onde a carne freme?Arre, estou em falta com os sêmens-deuses.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Tenho sentido que inúmeras vezes nasci e renasci. É como se todos os dias alguém que até ontem era estranho pra mim, hoje fizesse todo sentido e tomasse o meu lugar. A vida é um quebra cabeça, mas nem todas as peças se encaixam no momento em que surgem, por isso, algumas nos são entregues pelas mãos do tempo. Preencher nossos espaços vazios não é o suficiente, cada lacuna ocupada em nós deve fazer sentido. É bom ser refeito e entender essas mudanças. Nossa largueza é infinita e somos moldados diariamente por nossas tristezas, alegrias, frustrações e delicadezas. Somos de barro e são nossas vivências que nos dão a forma exata.
(Fernanda Gaona)
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