quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A Fórmula!

"O rio passa ao lado de uma árvore, cumprimenta-a, alimenta-a, dá-lhe água... e vai em frente, dançando. Ele não se prende à árvore. A árvore deixa cair suas flores sobre o rio em profunda gratidão, e o rio segue em frente. O vento chega, dança ao redor da árvore e segue em frente. E a árvore empresta o seu perfume ao vento... Se a humanidade crescesse, amadurecesse, essa seria a maneira de amar."

(Osho)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

"Hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou.

 Nesses novos dias, as alegrias serão de todos é só querer."

Composição Marcos Valle - In.: Um novo tempo.

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Dizia a mim mesma que algum dia voltaria a Finlândia, para ajudar a equipe de gnomos e duendes separar as cartas de Noel à luz do candeeiro. Talvez esse fosse o momento. Juntei-me ao exército dos exilados e por um instante cheguei a imaginar que pudesse surpreendê-lo enquanto empurrava seu trenó entre as colinas embaraçadas por tundras e bosques de pinheiros. O Natal desabaria frio e transparente no por do sol do dia vinte e quatro de dezembro, entraria pela ponta dos pés e só chegaria à noite, quando ninguém estivesse vendo. Montei meu próprio presépio, embora tivesse nas mãos apenas esterco, e contando a história para mim mesma, comecei sem saliva. Quando criança, abastecia os potes com leite e arroz para colocar do lado de fora da porta e dar de comer as manadas de renas que chegariam com os presentes de natal. Por alguma razão elas nunca vieram. Enquanto meditava sobre o espírito natalino me veio à memória a visão daquele cristo ensangüentado, arrancando uma coroa de espinhos e deixando rastros na neve da interminável noite hibernal. Não importava a que causa aquele cristo servia, contando que fizesse a humanidade entender de uma vez por todas que para subir a hierarquia e salvar o mundo desse surto de náuseas é preciso vomitar o rei que se carrega na barriga. Temi que sua missão fracassasse miseravelmente, já que ainda são maioria os que acreditam que o mundo gira em torno das virilhas. Voltei ao instante do seu nascimento e tentei resgatar a verdadeira mensagem do Natal. Dessa vez, houve efeitos especiais. O problema dos surrealistas é que eles não abrem mão da magia, ainda que a cenografia seja horripilante. Quando a emoção entra em cena, a razão pula pela janela. Comigo é sempre assim, sou especialista em dramas, principalmente os de conteúdo sobrenatural. A verdade é que eu havia fugido do mundo e só tinha um lugar onde eu pudesse me esconder: a imaginação. Meus pensamentos me apertaram com força, como se desejassem me espremer. Achei que fosse desmaiar ali mesmo e foi então que o vi. O operístico e insuperável homem de vermelho. A noite estava mais escura do que nunca, e por trás das vidraças, como se pudesse adivinhar meus pensamentos, o estranho sorriu. "Hohohoho." Sem saber se ele ria de mim ou para mim, tentei cobrir a cabeça o mais rápido possível antes que aquele lendário com formas ovais pronunciasse alguma palavra e concretizasse meus piores temores: a certeza de que ele era real. Voltei o cobertor xadrez à altura dos olhos e esperei. Trocamos um olhar de perplexidade e pela sua expressão de velório intuí que ele estivesse assustado com o meu aspecto de defunta. "Desculpe por ter demorado", declarou. Ele estava suspenso por um trenó e quanto mais eu olhava maior era a impressão de que aquela barba era grande demais para o seu rosto, e à menor distração, se enroscaria nas galhadas das oito ou nove renas voadoras que o sustentavam, e, para salvá-lo gastaria todo o seu exército de incontáveis duendes e elfos mágicos. Não contabilizei o par de óculos, infinitamente desproporcional. Pensei que eu tivesse finalmente ascendido ao plano espiritual, o que não era novidade alguma, já que era a quarta vez que eu havia morrido esse ano, e, a medida que ele se aproximava me perguntava se eu tinha alguma ideia de onde estava e o que estava fazendo. Comecei a suspeitar que a providência divina não decidiu me matar, ao contrário, queria que eu vegetasse pacientemente com aquele susto cardiovascular. Senti um calafrio e, temendo caminhar para o sétimo passo, retrocedi. A curiosidade levou a melhor e eu disse adeus ao ceticismo. Senti coragem para me levantar da cama e ao abrir as janelas, constatei que era de verdade aquela carruagem de formas impossíveis suspensa sobre o céu. Estendi a mão em sua direção e quando tentei tocá-lo, como num passe de mágica, ele desapareceu. Desci as escadas da casa e procurei pela árvore do desejo, e, como não havia nada embaixo pensei - ele foi embora com as sombras, do mesmo jeito que veio. Compreendi então que até o último momento eu tinha lutado para me proteger de todas aquelas histórias de bombas e tiroteios que me assaltavam a paz e por vezes a fé no que viria, mas lutei, sobretudo, para não perder a magia. Parei de criar embaraços à minha própria vida, porque não há dor que diminua o valor de uma consciência evoluída. Entendi que a paz pode ser concluída com um suco, um café ou um chá, valores que todos nós temos no caixa e isso até um andarilho pode pagar. Sou das que choram no banheiro, mesmo a casa estando vazia. Não esperei o convite do sono, pois sabia que aquela noite nem ele me visitaria. Estava começando a reler Alice pela décima vez quando alguém bateu na porta com nós nos dedos de tanta aflição perguntando se podia se entrar. "Pipa me desculpe", falou a voz num tom vagamente familiar. "Não sei se foi por ter passado muito tempo no mar juntado aquelas garrafas para entregar ao menino que desapareceu, mas de repente me deu uma vontade imensa de..."Papai Noel, não precisa completar, falei cedendo-lhe a vez - o banheiro é todo seu!


(Pipa)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

!

"Desejo que encontre maneiras para se fazer feliz no intervalo entre o instante em que cada dia acorda e o instante em que ele se deita pra dormir... Que se sinta livre e louco o bastante pra deixar a sua essência florir."




(Ana Jácomo)

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Sou inquieta e áspera e desesperançada. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor. Às vezes me arranha como se fossem farpas."




(Clarice Lispector)
"Mais tarde eu saberia que certas experiências se partilham -
até mesmo sem palavras – só com gente da mesma raça.
O que não significa nem cor nem formato de olho
nem tipo de cabelo,
mas o indefinível parentesco da alma."



(Lya Luft)
"Charlie: Queria dar à Peggy Jean um lindo par de luvas como presente de Natal, mas não posso pagar.


Linus: Se ela gosta mesmo de você, Charlie, ela vai gostar de qualquer coisa que você der.


Lucy: Se não lhe der exatamente o que ela está esperando ela vai odiá-lo pelo resto da vida.


Charlie: Sabe por que eu quero comprar essas luvas para Peggy Jean? Quando nos conhecemos no verão, notei que ela tem lindas mãos. Queria que aquelas lindas mãos ficassem quentes. Mas não tenho US$ 25 para comprar as luvas.


Linus: Mande-lhe um lindo cartão e diga para ela manter as mãos nos bolsos"

Lembranças e etc

“Sofro por causa do meu espírito de colecionador-arqueólogo. Quero pôr o bonito numa caixa com chave para abrir de vez em quando e olhar”







(Adélia Prado)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"Apruma tuas asas. Depois canta. Inventa os teus dias. Bota nele o que ocê mais gosta. Bota um tiquinho de cada cor. Energia muita. E uma casinha branca com vista pro mar. Uma flor no canteiro e uma rede na varanda. Pra mó di espiar a noite lá fora. Principalmente aquelas que a sodade é tanta que a gente chega a suspirar. Deixa que o vento bagunce teus cabelos e desgoverne teus passos. É preciso que as coisas percam o sentido now and then. Deixa elas te tocarem. Fundo. Depois voa. As vontades têm a força de mil asas."





(Serena Cris).
Acredito que o ser humano é capaz de amar várias vezes. Se não fosse assim quem perdeu uma grande paixão estaria condenado à solidão. Não acredito em um único amor para-todo-o-sempre-amém. Tem gente que coloca isso na cabeça e se apega, se humilha, se sujeita a qualquer coisa. Ao invés de trancar em você aquele seu velho amor falido, abra novos espaços e inaugure um novinho em folha.





(Fernanda Gaona)
"Guarda um segredo: às vezes, é preciso se desprender do que deseja para descobrir o que merece."




(Renata Carneiro)
Um dia eu vou querer viver um amor desses
com gosto de frio na barriga
desses que os olhos se fecham
que não se reclama

Um dia eu sei que vou querer
tocar nesta campanhia
e saber que serei recebida
por alguém que já me esperava
com carinhos e beijos

Um dia talvez eu queira
sentar com alguém na varanda
e respirar só pela poesia
para entender o que os poetas
tanto escrevem e eu tanto leio

Um dia hei de querer isso
mas agora, eu quero outras coisas
esse amor de contos e tantos
eu deixo pelos cantos
para outros. Por enquanto.



(Débora Paixão)
"pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando."



(Paulo Leminski)
"É preciso tanto movimento, tantas mudanças internas e externas, para descobrir que a paz está bem tranqüila dentro do nosso coração."




(Denise Portes)

ESPERANÇA!

Uma grande alegria está proxima, Maria.

(Hoje é dia de Maria)
             "O amor é um interlúdio. O amor, ma belle, é fodido. E nem por isso deixa de ser amor."




          (Jaya Magalhães)

STOP!

"Mantenha-se atrás da faixa amarela, não chegue muito perto, não acerque-se de meus traumas, não invada meus mistérios, não atrite-se com o meu passado, não tente entender nada: é proibido tocar no sagrado de cada um"





(Martha Medeiros)

Não tem chuva que desbote essa flor

"Nada tão comum que não possa chamá-lo
meu



nada tão meu
que não possa dizê-lo
nosso



nada tão mole
que não possa dizê-lo
osso



nada tão duro
que não possa dizer
posso"



(Paulo Leminski)

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante, lá vem o amor nos dilacerar de novo..."




(Caio Fernando Abreu)

sábado, 4 de dezembro de 2010


  
                                               "Ai do acaso, se não ficar do meu lado."




(Paulo Leminski)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Eu por Ele

"E assim, depois de muito esperar, num dia como outro qualquer, decidi triunfar... Decidi não esperar as oportunidades e sim, eu mesmo buscá-las. Decidi ver cada problema como uma oportunidade de encontrar uma solução. Decidi ver cada deserto como uma possibilidade de encontrar um oásis. Decidi ver cada noite como um mistério a resolver. Decidi ver cada dia como uma nova oportunidade de ser feliz. Naquele dia descobri que meu único rival não era mais que minhas próprias limitações e que enfrentá-las era a única e melhor forma de as superar. Naquele dia, descobri que eu não era o melhor e que talvez eu nunca tivesse sido. Deixei de me importar com quem ganha ou perde. Agora me importa simplesmente saber melhor o que fazer. Aprendi que o difícil não é chegar lá em cima, e sim deixar de subir. Aprendi que o melhor triunfo é poder chamar alguém de"amigo". Descobri que o amor é mais que um simples estado de enamoramento, "o amor é uma filosofia de vida". Naquele dia, deixei de ser um reflexo dos meus escassos triunfos passados e passei a ser uma tênue luz no presente. Aprendi que de nada serve ser luz se não iluminar o caminho dos demais. Naquele dia, decidi trocar tantas coisas... Naquele dia, aprendi que os sonhos existem para tornar-se realidade. E desde aquele dia já não durmo para descansar... simplesmente durmo para sonhar."


Aprendi: In.: Walt Disney.


Pipa.

Um apólogo


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:


– Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
– Deixe-me, senhora.
– Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
– Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com sua vida e deixe a dos outros.
– Mas você é orgulhosa.
– Decerto que sou.
– Mas por quê?
– É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
– Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora quem quem os cose sou eu, e muito eu?
– Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados…
– Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando…
– Também os batedores vão adiante do imperador.
– Você é imperador?
– Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto…


Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana – para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

– Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima…


A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulhada espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. e enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:



– Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.





Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha: – Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.


Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: – Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária.



(Machado de Assis)

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

"A vida é muito bonita. Basta um beijo e a delicada engrenagem movimenta-se, uma necessidade cósmica nos protege."




Adélia Prado

A idéia de "necessidade" não pode sacrificar cada passo que devemos trilhar

Eu sei que você não vai entender hoje. Talvez nem amanhã ou depois. Porque neste momento parece que você “precisa”, mas acredite, o tempo é sábio e os acontecimentos fazem parte de um processo que nem sempre é dominado por nós. Podemos e devemos planejar o que queremos, mas a idéia de “necessidade” não pode sacrificar cada passo que devemos trilhar. O tempo me ensinou que ignorar os sinais é inútil, que ao contrário, devo treinar meus ouvidos e sentidos para entender cada “não” recebido. Se o caminho não vale a pena não rejeite fazer um desvio. O importante é nada nem ninguém tirar você de sua rota.


 
Fernanda Gaona