Na imposição do lápis, hesito: Escrevo um poema ou pinto os olhos? Frente à maçã: Dou a mordida ou uso o blush? Esse tom bourbon vem da palavra ou do batom? Visto meu tomara-que-caia ou rezo: Tomara-que-fiques. Uso renda e saio toda prosa ou espero que renda a prosa? Expiro, inspiro: Um romance? Dá pra viver os dois ou dou pros dois? Não sei se ando movida pela vaidade ou pelo desejo. Reminiscências ou feminiscências?Poeta ou fêmea onde a carne freme?Arre, estou em falta com os sêmens-deuses.
domingo, 18 de abril de 2010
"E passa horas a admirá-lo. Ele e sua barba. A barba. O dono da barba que é dela. Aquele complexo vitamínico de pêlos muito negros a penetrarem na pele que não é dela. Fio que é muito escuro. Traço firme no desenho do rosto de linhas retas. O sol traz o desbotado e uma festa colorida se faz nos tons daqueles fios bem firmados. Negros que se fazem ruivos que se fazem claros. É bonito o seu traçado e chega a ser poético a união daqueles traços todos. Sempre unidos num mesmo sentido. Apontando para uma só direção. Ela passa a mão nos fios dele como menina que descobre pelo macio do gato. Bonito de tocar. Macio de ver. O fio tece sobre ela um encanto ainda não cultivado que ela não sabe entender. A barba. O fio que cresce até onde chega a tesoura. Medida que ninguém sabe qual é a exata. Ele experimenta. A pele reclama. Folia vermelha na imensidão esverdeada. Diversão garantida de suas tardes ensolaradas. A pele. O fio. A barba. Anda muito apaixonada por esses dias."
(encontrei esse texto - sobre minha predileção - nas "Maravilhas do país de Alice")
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